quarta-feira, 1 de julho de 2009

Canibalismo entre outras espécies.

Eu gosto SIM de animais. Gosto tanto que quando espeto um pedaço de picanha me fere a moral. Mas é o costume, fazer o quê? Vegetarianismo já fiz, por 5 meses, mas a falta de cuidado com a substituição de proteínas e vitaminas me trouxe de volta uma doença não muito agradável, que me pegou quando tinha lá meus 8 anos. A cegueira não é bem um incentivo para se parar de comer carne irresponsávelmente. No mesmo dia que a volta da atividade da bactéria foi diagnosticada, eu comi logo um hambúrguer de mignon! Foi um triste fim temporário da busca de um ideal. Sei lá. Desde então tenho que comer aqueles deliciosos bifes acebolados com meus olhos e mente fechados, as carnes mucho boas que o Gustavo ganhava no pub e preparava como ninguém lá em Londres, os churrascos corriqueiros aqui...Não posso pensar nos bichinhos, nas vacas, nas galinhas, nos porcos, na violência. No descaso com que tratam estas vidas. Estou ali, me sentindo hipócrita, pensando como eu preferia estar comendo batata, tomate seco, rúcula e até beringela do que aquele delicioso lagarto mineiro, que se eu pensar bem, me trás uma ância de vômito, um asco, um nó no estômago - eu sei o quanto é difícil nos libertarmos de velhos hábitos da sociedade. Fomos a uma mostra de projetos de conclusão de curso de alunos de design de uma universidade de Londres. Em um dos balcões nos deparamos com galinhas de pelúcia dentro de pacotes de frango assado vendidos em um supermercado X, caixas de ovo com pintinhos dentro, patos de pelúcia com os riscos de corte, e assim por diante. Gostei muito do projeto, tirei minhas conclusões mas fiz questão de conversar com o criador. O russo com sotaque pesado me explicou que queria fabricar a linha de brinquedos infantis, que o contato com a origem do alimento foi perdido, e quem sabe se a criança tivesse que matar um boi, não comeria mais a carne. Hoje compramos a bandeja no mercado e ignoramos - vezes por falta de informação, vezes por descaso - o desmatamento para o cultivo de animais, as redes de fastfood que não param de crescer. Os baldes com asinha de frango e meio litro de gordura vendidos a preço de banana nos tais "países de primeiro mundo". O que é isso? Os cães acorrentados, magros, sarnentos, tristes, solitários? Violentados, desrrespeitados, largados ao próprio azar. Os pássaros encarcerados, asas cortadas, o canto em sua língua que pede por socorro, liberdade. Querem ver o mundo com a mesma possibilidade de escolha que nós achamos que temos. Nós, que também estamos presos dentro das realidades falsas e vendidas que seguimos fielmente. Achamos que somos independentes, seres feitos de escolhas, mas no máximo optamos pela marca do creme dental, dentro de tantas que são dum mesmo sistema podre, que visa lucro antes de bem estar, saúde, respeito. RESPEITO. É isso que nos falta, e tanta gente falando, sabendo, fazendo, e TANTAS outras vivendo iludidas infinitamente nessa mentira. Vive-se para nada. - O problema não é morrer, e sim o fato de as pessoas não viverem mais. - algo assim no filme de ontem. Um outro filme que mexeu mesmo comigo foi INTO THE WILD. História real de alguém que estava cansado da hipocrisia da sociedade, da imagem exigida, status, e foi viver sua vida de uma maneira diferente. Enfim, assistam. Mas reflitam. Eu tenho que refletir também! Bom, eu comecei falando de carne. Quero terminar falando de carne.
Você sabia que a China consome 51% da carne de porco mundial?
Que nós brasileiros estamos desmatando nossas matas virgens para destinar seu espaço ao plantio de grãos e a cultura bovina, sendo que a maioria destes é exportada para China e outros países? Nossos grãos alimentam os porcos criados por lá e consumidos por lá.
Que se usássemos as riquezas que existem nas florestas ganharíamos muito mais DINHEIRO. Pesquisas inteligentes, não brutalidade impensada. Remédios, cura, avanço.
Que a carne não é indispensável na nossa alimentação.
Que a carne de vitela é macia daquele jeito pois os bezerros são colocados em baias com espaço insuficiente para que exerçam suas funções mais básicas, como se virar ou andar, sem nunca se exercitar ou receber banhos de sol.
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Eu podia escrever um livro de indignações. Mas não sei ainda se é o bastante.
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Foto por mim.

As saudades.




Desde o começo - digo começo por aquilo que nos lembramos e aquelas memórias esquecidas em uma caixa empoeirada - aprendemos a conhecer e aí então tirar conclusões positivas ou não a respeito de tudo que nos envolve - e mais pra frente até sobre o que não nos diz respeito. Gostamos, desgostamos, somos críticos de comida, música, filmes, roupas, atitudes e o que mais aparecer em nosso caminho.
Uma pessoa normal gosta mais do que desgosta. É mais a favor do que contra. Normal? Talvez a palavra correta seja sensata, equilibrada, mais concentrada em utilidades do que futilidades - meros detalhes.
Quando acreditamos em algo, cuidamos, conhecemos o máximo que podemos, nos acostumamos com a presença, com a companhia. São lugares, pessoas, animais, objetos. São futuras lembranças que pouco a pouco vão nos compondo. Nos apegamos àquilo que amamos. O que torna nossos dias mais calmos, nos dá força pra continuar a viver com esperanças sempre de coisas, dias, experiências melhores, mais significativas, gratificantes.
A saudade é algo incrívelmente bom. Expressa sentimento de cuidado, carinho e o real valor com que encara aquilo que lhe faz falta. É sinal de respeito. Amor. Tudo depende da forma com que você pretende encarar as suas. Sofrer desesperadamente? Chorar, se trancar num quarto escuro ou achar formas de extravasá-la? Extravasar de uma forma saudável, com resultados decentes. Ir a lugares que te tragam lembranças, cheiros, sabores que amenizem um pouco a dor. Não é necessário trair confiança com a desculpa da falta.
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Vivemos então de saudades dos bons e velhos tempos, das alegrias antigas, até mesmo da dor. O único erro é viver em função do passado. Arrependimentos, atitudes não tomadas, peso morto e inútil. Podemos só aprender com os erros, e para se chegar a essas conclusões precisamos refletir sobre as situações. Mudar de verdade, crescer.
O futuro é expectativa, mistério, planos, desejos e objetivos. O “eu” do amanhã é reflexo do de hoje e leva-se tempo dedicado no passado e no presente pra chegar no futuro desejado, para que se possa sentir saudades novamente com orgulho do que se conquistou.
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Foto por mim no tal do Anila. O Boi melancólico - tempos que não viveu.